O Observatório Fetrancesc foi lançado na tarde desta terça-feira, 10, em Florianópolis. Uma iniciativa voltada ao estudo e monitoramento de temas estratégicos para o transporte rodoviário de cargas em Santa Catarina. E, como primeira entrega, apresentou um estudo detalhado sobre a proposta de repactuação do contrato de concessão da BR-101 Norte, pela Autopista Litoral Sul – Arteris. O atual contrato, com término previsto para 2033, possui um projeto de otimização até 2047.
A pesquisa abrange o trecho de 205 km entre São José e a divisa com o Paraná. Os municípios do entorno da BR-101 Norte representam 57% do Produto Interno Bruto (PIB) de Santa Catarina. No entanto, a rodovia enfrenta um cenário crítico. São diversos pontos colapsados que comprometem a produtividade e a previsibilidade dos usuários. Congestionamentos frequentes, viagens longas e custos adicionais com combustível e perda de produtividade são os principais problemas enfrentados pelo setor de transporte de cargas.
O estudo do Observatório Fetrancesc levantou dados de que as obras de ampliação da capacidade operacional da BR-101 Norte/SC, associadas à proposta de otimização do contrato de concessão pela Autopista Litoral Sul, não serão adequadas para atender às demandas operacionais previstas até 2047.
“Realizamos a avaliação da rodovia durante 15 dias, das 6h às 21h, em três blocos de horários específicos. Andamos 1,3 mil quilômetros, usamos ferramentas alternativas digitais para aferição dos resultados”, explicou Gean Carlos Fermino, um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo.
De acordo com a pesquisa, as condições na BR-101 em 2047 podem permanecer iguais ou até piores do que as atuais, diante do crescimento econômico e populacional na região. O aumento nos pontos críticos e a redução significativa da velocidade média comprometem ainda mais a eficiência do tráfego, com projeções indicando que motoristas poderão passar até 80% do tempo em filas, gerando, nesse contexto, ondas de potenciais colisões na corrente de tráfego.
Em 80 pontos de observação, foram coletadas informações de fluxo, velocidade, entre outros. Ao todo, 62,5% dos pontos já apresentam restrições. Segundo Renato Macedo, diretor-executivo da Fetrancesc, o resultado da pesquisa é extremamente preocupante.
“Os dados são alarmantes. Para termos uma ideia, se levarmos em conta o crescimento econômico, populacional e de frota de veículos, no ano de 2033 o tempo médio de viagem na BR-101 Norte será praticamente o mesmo com ou sem as obras propostas pela Arteris”, afirmou.
Impacto no transporte e abastecimento
Para o setor de transporte e logística, as implicações são alarmantes. Os custos operacionais devem crescer consideravelmente, e, embora possam ocorrer melhorias temporárias nas taxas de acidentes, não serão sustentáveis a longo prazo. O cenário projetado aponta para um possível apagão logístico, caso medidas mais eficazes não sejam adotadas.
“O momento é de falar sobre as obras e da vida útil da BR-101. Todos nós temos que nos envolver e realmente cobrar dos entes responsáveis, pensando no futuro da BR-101. Se já está ruim agora, imagina daqui a 15 anos. Então, a Fetrancesc ainda defende que a solução definitiva é a construção da Via Mar”, completou o presidente da Fetrancesc, Dagnor Schneider.
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